- Entra aí!
A garota o empurrou para dentro do box do banheiro e saiu para buscar uma toalha de banho na qual ele pudesse se enxugar.
- Eu não estou bêbado!
Ele gritou de dentro do banheiro. Ela apareceu à porta, parecendo uma mãe muito zangada com o filho quando ele faz alguma coisa errada.
- Tudo bem, - ele recolocou a frase - talvez eu tenha bebido um pouco.
- Um pouco? - insistiu a garota - Não sei mais o que faço com você.
Ela ligou o chuveiro. A água gelada caiu em cima do garoto e ele se afastou para longe, a garota o puxou para perto e então ele a derrubou no chão do banheiro.
- Você precisa tomar banho, não eu.
- E por que você está fazendo isso mesmo? Segundas intenções? É muito feio se aproveitar de uma pessoa bêbada, sabia?
Ela gargalhou e teve quase certeza que até os vizinhos do apartamento de baixo ouviram sua risada.
- Não. - ela adicionou - Estou fazendo isso, pois não quero ter que ser testemunha da sua morte acidental. E também porque sua mãe vai me matar se você fizer mais uma besteira.
- Oh minha mãe… - ele jogou água na garota - E você já não está aqui?
Ela levantou-se do piso molhado e começou a caminhar em direção a porta. Obviamente, ela não discutiria com um bêbado e nem o trataria como uma criança. Ela estava cansada, depois da festa que ela nem aproveitou, precisava de uma boa noite de sono.
- Quando sair vá para seu quarto e, por favor, tente dormir.
- Hey…
O garoto chamou, ela se virou e ficou encarando ele completamente encharcado com suas roupas molhadas. Ele sorriu, ela retribuiu, mesmo sabendo que toda aquela maquiagem borrada não estava lhe dando uma boa aparência. Deve parecer que estou fantasiada para o Halloween, pensou.
- Eu te amo.
As palavras foram atiradas aleatoriamente. Por um momento, ela pensou que fosse ficar bêbada e cair no chão junto com ele, mas então, lembrou-se dos motivos que o levaram a dizer isso. É apenas o álcool, supôs. Continuo caminhando até a saída e então ouviu a voz do garoto novamente:
- Você não vai dizer nada?
Ela virou-se, agora estava mais triste do que quando jogou o garoto dentro do banheiro.
- Eu sempre quis ouvir isso de você. Mas não nessas condições, não nesse estado. E principalmente, porque sei que não é verdade. Você apenas está bêbado demais para aceitar isso. Amanhã você nem lembrará dessa conversa, isso é bom, tanto para mim, quanto para você.
Ele encarou-a por alguns instantes, no seu rosto era uma perfeita incógnita de sentimentos. Ela não fazia ideia se ele estava dizendo a verdade ou se estava mentindo. Repentinamente, ele se levantou e caminho na direção dela. O barulho do chuveiro virou plano de fundo e a respiração dos dois se tornou sonoplastia principal.
- O que lhe garante – disse ele se aproximando do rosto dela – de que eu estou bêbado demais para não saber o que estou dizendo?
Ela ficou muda. E se ele estivesse apenas fingindo estar bêbado? Que confusão…
Ele deu uma risada solta, daquelas que não tem motivo nenhum para se sorrir, muito semelhante às risadas vistas em manicômios, só aí ela pode sentir o cheiro do álcool. Acho que isso é prova suficientemente forte de que ele está bêbado, notou. Ela saiu do banheiro e fechou a porta.
- Não morra afogado e quando terminar, vá dormir.
- Não morrerei.
Ela sentou-se na cama do quarto de hóspedes e ficou pensando no que ele disse. Será que ele realmente me ama? E se eu acreditar nisso e acabar me iludindo outra vez?
De repente, ela escuta umas batidas na porta do quarto.
- Posso entrar?
Perguntou ele.
- Entre - respondeu ela, olhando nos olhos dele - meu bêbado.
- Seu bêbado ? Olha, estou começando a gostar disso.
Ele começou a caminhar levemente em direção à ela.Ela deu um sorriso bobo, e olhou para o chão. Então, ele se ajoelhou na beira da cama, de frente para ela, segurou suas mãos e disse:
- Você pode achar que eu estou bêbado, é, posso até estar, mas dizem que quando as pessoas estão sob o efeito do álcool, elas fazem coisas que não tem coragem de fazer quando estão em plena consciência. Eu sei que não sou nem um pouco certo, sempre tentei demonstrar esse amor que sinto por ti, de uma maneira um pouco errada mas esse é o meu jeito de amar, esse é o meu jeito de te amar.
- Eu sempre te amei, mas você nunca percebeu. A cada abraço apertado, a cada sorriso bobo, a cada brincadeira idiota o meu amor por você só foi aumentando, por isso eu tento cuidar de você, cuidar da minha razão de viver.
Ele a calou com um beijo.
- Então, isso significa que você me ama?
- Sim, se isso importa, eu te amo, rapaz.
- Ótimo, pois eu te amo também.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
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